Noite de Ano-novo. Mais um ciclo se passou e — em meio a abraços e ao som de fogos de artifício — você faz para si aquela velha promessa: “este ano eu entro na dieta para emagrecer”.
Dietas de emagrecimento são uma batalha constante de pessoas que brigam contra o sobrepeso. Mas por que elas são tão difíceis de serem seguidas? Há, afinal, uma diferença entre a dieta e a reeducação alimentar? Quais são os benefícios de cada uma?
Para responder a todas essas perguntas (e mais!), conversamos com a nutricionista funcional Camila Laranja, que nos explica o que há por trás da dieta, qual é sua relação com a reeducação alimentar e por que as duas coisas precisam ser acompanhadas de perto por um profissional. Ficou interessado? Então, continue conosco!
O que é dieta, afinal?
Ao contrário do que muitos pensam, a dieta vai além da restrição de alimentos comumente associada ao emagrecimento. “Falando de forma simples, a dieta nada mais é que um roteiro alimentar feito por um nutricionista, levando em conta o estilo de vida do paciente, as necessidades e as restrições dele”, explica Camila.
Segundo a nutricionista, as pessoas costumam ligar a dieta a algo ruim e punitivo, o que não precisa ser verdade. “Um diabético, por exemplo, vai receber uma dieta com restrições de açúcares e carboidratos, mas isso não significa que a alimentação dele vai ser algo ruim. Tem outras coisas que ele pode consumir em substituição”, diz.
De acordo com o Conselho Federal de Nutrição (CFN), a prescrição dietética é de competência exclusiva do profissional nutricionista e envolve o conhecimento prévio dos hábitos alimentares, eventuais patologias e aporte nutricional do paciente.
O real segredo das dietas que funcionam
Para Camila Laranja, avaliações profissionais individualizadas trazem resultados promissores. “Quando um profissional avalia individualmente o caso, ele elabora uma dieta focada no quadro do paciente”, explica a nutricionista. “Isso traz benefícios que podem envolver desde a melhora no bem-estar à redução de eventuais sintomas de patologias”, completa.
Segundo a especialista, dietas individualizadas são capazes de aliviar os malefícios de patologias como diabetes, hipertensão, baixa imunidade, entre outras. “Existem várias questões que o especialista pode ajudar com uma dieta especializada — ocasionando, até mesmo, em uma perda de peso”, afirma.
O que é a reeducação alimentar?
Enquanto dietas propõem um olhar individualizado sobre cardápios e o consumo de nutrientes, a reeducação alimentar aborda a forma como os alimentos são consumidos. “A reeducação alimentar é a pessoa reaprender a comer de forma saudável” elabora Camila Laranja. “Com ela, você aprende a comer novamente, descobrindo a importância de restringir alguns nutrientes que consome”.
Para a especialista, os conceitos de dieta e reeducação alimentar são complementares — na verdade, uma dieta pode ser, sim, uma reeducação alimentar. “Uma coisa é você ter o conceito de aprender a comer, a outra é você colocar em prática esse plano e seguir”.
“Em uma consulta nutricional eu posso restringir o seu consumo de açúcar. Mas de nada vai adiantar se você não entender os motivos por trás dessa restrição, e o porquê de observar a sua alimentação nesse sentido”, explica ela. “A dieta vem mais no sentido de ter o material escrito do que o que a pessoa deve fazer no dia a dia dela.”
A importância do profissional durante a reeducação alimentar
Durante a consulta, a obrigação do nutricionista é reeducar a alimentação da pessoa — ao mesmo tempo em que ele readéqua a dieta desse paciente, alerta Camila. Isso envolve orientar o paciente tanto sobre a sua rotina alimentar quanto a respeito das suas necessidades nutricionais.
“Nas minhas consultas, eu construo um histórico do paciente, com uma avaliação física completa — nutrientes, peso, índice de gordura. A partir daí, eu monto um plano baseado no paciente. Eu vou ensinando a ele quais alimentos consumir, em que horários e com qual frequência — a reeducação alimentar. Ao final, ele sai do consultório com a dieta”, explica a nutricionista.
As vantagens da reeducação alimentar
“Com a reeducação alimentar você deixa de consumir coisas erradas, de cometer excessos, além de aprender o que é de fato saudável para o seu organismo”, revela Camila Laranja. Enquanto a dieta — em seu conceito comum — é significado de restrição, a reeducação alimentar traz liberdade ao paciente, diz a nutricionista.
“Quando você descobre o que há por trás de cada alimento, as vantagens e desvantagens, é mais fácil de regular o consumo”, explica. “Digamos que você goste de café, mas precisa restringir a cafeína. Com a reeducação alimentar você aprende seus limites com a substância, e isso te dá liberdade para dosá-la — reduzindo o número de xícaras por dia — ou substituí-la por algo similar, como um chá-verde”, conta.
Qual é a melhor forma de mudar os hábitos alimentares?
Mudar de hábitos é sempre um desafio individual, e depende, acima de tudo, do esforço de cada pessoa. Entretanto, o acompanhamento profissional é indispensável quando o assunto é alimentação.
Para Camila Laranja, é essencial fazer visitas ao nutricionista, pelo menos uma vez a cada 6 meses. “Ele é o profissional que vai acompanhar o andamento da sua dieta e dos seus objetivos, é quem vai avaliar como seu corpo está reagindo à nova rotina alimentar”, diz.
Dito isso, Camila deixa seis dicas simples para quem pretende embarcar em uma nova jornada nutricional:
Identifique por que você está tendo dificuldade de mudar os hábitos alimentares
É porque você não gosta de algo que foi adicionado ao seu cardápio? Existe alguma comida restrita que você não consegue abandonar? Trabalhar bem esse cardápio, junto ao nutricionista, é essencial.
Reduza gradualmente o consumo de alimentos restritos
Cortar esses alimentos por completo (principalmente aqueles que são seus favoritos) pode levar você à frustração, fazendo com que abandone a dieta antes mesmo de começar. O segredo aqui é diminuir porções, acostumando o organismo com doses cada vez menores até chegar à estaca zero.
Descubra o que é bom (e ruim) para você
Aqui, vale a máxima de que cada organismo funciona de uma forma distinta. Comparações com amigos e parentes são outro caminho rápido para a frustração. É preciso descobrir quais alimentos são benéficos — e quais devem ser evitados — adequando-os à sua rotina.
Busque alternativas saudáveis às coisas que você quer restringir
As opções de cardápio são infinitas, e podem se adequar a qualquer tipo de paladar. Trocar o chocolate por uma fruta ou o café pelo chá-verde, por exemplo, podem ser alternativas para evitar recaídas a hábitos antigos.
Mantenha longe de casa alimentos que não são saudáveis
De nada adianta manter um estoque secreto de doces no armário da cozinha. O melhor caminho para o autocontrole é cortar de vez as comidas que fazem mal a você.
Seja flexível, desde que em um nível aceitável aos seus objetivos
Permita-se esbanjar, vez ou outra. Afinal, ninguém é de ferro. Satisfaça suas vontades, mas evite fazer da exceção uma regra.
Fonte: gympass