Acredite: é possível emagrecer durante a quarentena. E tem gente que tem o objetivo de emagrecer e está conseguindo mesmo em isolamento social. Mas como isso é possível? Esse foi o tema da Live Saúde & Bem-Estar, que aconteceu nesta terça-feira (5) no Instagram do CORREIO (@correio24horas). O endocrinologista Rodrigo Bomeny (@rodrigobomeny) conversou com o jornalista Jorge Gauthier, especializado em Jornalismo Científico & Tecnológico com ênfase em Saúde (UFBA) e integrante do CORREIO.
“A sensação de culpa é algo psicológico e nesse momento é preciso ter um pouco de autocompaixão”, destacou o médico durante a live (assista abaixo). Ele falou que o mais importante é que as pessoas que querem emagrecer fiquem atentas às quantidades. “Se a gente comeu por uma questão negativa, a gente passa a comer mais. O ‘furo’ vai acontecer, mas a gente precisa aprender a lidar com isso. E precisa lembrar que comer um brigadeiro é diferente de comer uma panela inteira”, pontua.
Bomeny afirmou ainda que todos vivemos um momento muito difícil, em todos os sentidos.
O especialista destacou ainda que emagrecer é um processo não natural e que é importante os pacientes não se sentirem culpados nesse momento. “Quando você atinge determinado peso (maior), o seu corpo vai entender que aquele é seu ‘peso ideal’. Tem estudo que mostra que você passa a ter mais desejo por alimentos calóricos. A pessoa não conseguir emagrecer não é só questão de falta de vontade. Existe um preconceito com obeso, porque muita gente acha que é uma coisa de falta de foco, que isso é um problema da pessoa, mas não é só isso”, explica.
Aceitação
Questionado por Gauthier sobre o processo de aceitação da pessoas gordas, Rodrigo disse que considera um movimento importante. “As pessoas não podem deixar de viver por causa do peso. Não tem porque a pessoa deixar de fazer qualquer atividade – ir á praia, casamento, etc – por causa do peso. Até porque, a partir da aceitação, você consegue mudar hábitos. Por outro lado, tem que tomar cuidado pra não ter uma ‘romantização’ do excesso de peso. É sabido que a obesidade é fator de risco e pode tem um desfecho pior no caso das doenças”, argumenta.
Para o especialista, entretanto, quem busca pelo emagrecimento nesse momento precisa encontrar um equilíbrio e tomar cuidado com dietas restritivas; “Emagrecer não quer dizer que ela precisa atingir um corpo do padrão estético ideal. São dois extremos.
É preciso tomar cuidado e não abrir exceções com alimentos que não te tiram do controle. Porque têm alimentos que a gente não consegue se controlar. Nesse caso, a depender do seu objetivo, é melhor não comer do que comer pouco”, defende.
Durante o bate-papo, que você pode assistir na íntegra abaixo, o médico falou ainda sobre o uso de medicamentos como antidepressivos para controlar a ansiedade e o apetite nesse momento de coronavírus: “Pode até usar, mas precisa ter orientação medica. O que funciona é a junção do remédio, com a dieta, tudo com indicação médica. Evitem se autometicar”.
- Cinco dicas do especialista para quem quer emagrecer na quarentena
Estabelecer uma rotina. Acorde, tome café, jante… Porque se não, de madrugada, vai estar com tédio e vai querer comer. Não faça dieta restrita do ponto de vista calórico.” É absolutamente possível emagrecer de uma forma natural se você levar em consideração que ‘comida de verdade’ tem uma quantidade significativa de nutrientes. Não pode ficar com déficit de nutrientes e proteína”, argumenta.
Defina horários para comer. É importante que as pessoas busquem o começo, meio e fim da refeição. Porque se não a gente passa o dia inteiro beliscando. A gente tem que definir regras. Em alguns momentos, a gente tem que falar ‘não’ pro chefe, pro colega de trabalho, para não sair da rotina.
Faça exercícios físicos. O que emagrece é dieta, defende o médico. Segundo ele, o exercício físico tem um impacto muito pequeno na perda de peso. Mas a atividade física é importante para saúde geral, pro bem-estar e pra manter o peso.
Distância. Se você gosta de chocolate e tem em casa, coloque em um lugar que você não fique vendo toda hora. Porque se não você vai ter um acesso rápido e vai querer comer sempre.
Gerencie o estresse e o sono. Isso é algo difícil, porque as pessoas estão se sentindo inseguras nesse momento. Mas podem fazer meditação, ioga, atividades em grupo e terapia.
Rodrigo é graduado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP onde também fez residência em Clínica Médica e residência em Endocrinologia e Metabologia. Ele também é professional Coach – Life Coaching: International Association of Coaching e Sociedade Latino Americana de Coaching; Health Coach na National Society of Health Coaches e Weight Management Specialist pela American Council on Exercise (ACE).
Atualmente ele atua como médico no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, Diretor Técnico – Instituto Aster Medicina e Saúde e Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.
Fonte: Correio24h